caminhos de vida

Em busca de si mesma, Pollyana, decidiu percorrer, com um grupo de pouco mais de uma dúzia de mulheres, o Caminho de São Francisco de Assis. A turma organizara-se através de uma líder holística que guiaria os propósitos da peregrinação. Não fora o aspecto religioso da rota atravessada pelo santo em questão que instigara Pollyana para o desafio, mas a conjuntura da experiência em suas mais vastas proporções.

A brasileira chegou à Itália antes do início do percurso para aproveitar a primeira parte da viagem sozinha. Hospedando-se em hostel, conheceu pessoas diversas e iniciou um processo de recuperação de facetas de si que se encontravam submersas após o fim de um casamento de mais de 20 anos. Apesar de ter viajado só numerosas vezes a trabalho, dessa vez, a liberdade se apresentava de um jeito diferente já que não havia um parceiro esperando o seu retorno.

Na Itália, Pollyana estava consigo mesma de uma forma mais livre e profunda. Na viagem, essa mulher em busca de sua essência descobria, em cada momento, novos sentidos em seu interior. Nesse primeiro momento em terras italianas, deixou-se ser surpreendida. Seus planos de cada dia se renovavam com dicas e recomendações de estranhos que cruzavam seu caminho. A espontaneidade fez com que Pollyana se colocasse mais no momento presente.

A hospedagem em hostel permitiu o encontro com pessoas de idades variadas, mas com a paixão de desbravar o mundo em comum. A experiência inspirou uma forma de viver com mais desapego e ainda economicamente viável para explorar lugares futuros. A possibilidade de viver novas sensações culturais impulsiona o modo que Pollyana vê e se a abre para o mundo.

Não foi essa uma viagem que fez desvendar o lado itinerante dessa mulher independente. Pessoas próximas já a descreviam como sendo de lugar algum por seu desprendimento e sua flexibilidade para ir e vir. Pollyana se reconhece como um ser em movimento e vislumbra os múltiplos caminhos possíveis que aparecem em seu horizonte. Ela abraça a ideia de não se prender a lugares e verdades absolutas e assim navega pelos percursos da vida.

Ao encontrar com o grupo de autoconhecimento em Roma, partiram para uma cidade próxima para o início da jornada. Para cada trecho, a líder propunha um objetivo a cada uma das integrantes. A missão era distribuída através de frases aleatórias sorteadas antes do começo de todo deslocamento. Durante a caminhada diária que durava, geralmente, de 6 a 8 horas, vibrava-se o pensamento de tal propósito.

Após a primeira longa caminhada e desafios físicos como bolhas que se formaram em seus pés, Pollyana optou por se poupar do próximo trecho para que continuasse bem na sequência. Cada uma das mulheres percorria os vários quilômetros diários em seu próprio ritmo.  Pollyana habitualmente ficava mais para o bloco de trás, onde podia observar todo o grupo. Por conta de seu posicionamento na retaguarda pôde tirar diversas fotos das mulheres que caminhavam a sua frente.

Uma das mensagens para que Pollyana vibrasse era a de que ela viria com a força dos ventos e colaboraria espalhando sementes. Ela se identificara com esse papel já que tinha um histórico de plantar oportunidades em sua vida. Além de contemplar as frases oferecidas para a caminhada, as percepções de seu corpo se abriam para a vivência de cada instante. A viagem sensorial se fazia presente.

As imagens que pareciam sair de um filme nos cenários locais se mesclavam com os cheiros e sons que invadiam seu organismo. Os animais cruzavam o caminho do grupo ao passo que encontravam figos e uvas providos pela natureza. Os piqueniques em meio às oliveiras marcavam os momentos de descanso e pausa para o lanche. Tais impressões da caminhada reverberam na memória de Pollyana.

No trabalho e em sua vida, ela sempre foi tida como uma fazedora. É uma pessoa que arregaça as mangas e faz com que as coisas aconteçam. Para tanto, é necessário ocupar o pensamento com o planejamento futuro para realizar qualquer uma de suas aspirações. A caminhada na Itália permitiu que essa realizadora se conectasse mais com o agora. Esse novo modo de operar vai se desdobrando e passa a fazer parte de como Pollyana se relaciona e trabalha.

A vivência do Caminho de São Franscisco de Assis a inspira a projetar um futuro que englobe novas experiências como as que teve na Itália. Um modo de vida mais nômade está em seu radar. Nessa concepção, sem base fixa, viveria de forma mais flexível, transformando diversos lugares em casa. As sementes dessa nova história já estão sendo germinadas para que no futuro cresçam e produzam novos frutos. Os caminhos vão se abrindo com sua motivação para que haja sempre mais evolução, desenvolvimento e aprendizado em sua vida.