Ramona guarda dinheiro para conquistar sua liberdade. Ela se encontra presa a uma realidade que não se enquadra às suas aspirações. A jovem paraguaia explica que encontraria uma vida mais satisfatória em outro país. A pressão familiar a prende a uma rotina com atuação em Direito, carreira de mais da metade dos seus familiares. O trabalho é a base de seu sustento e a esperança financeira para alavancar uma nova jornada em sua vida. Longe de todos, poderia pensar e decidir por si só.
Começou a faculdade de medicina, sua primeira opção, mas no final do primeiro ano o estresse a afligiu. Faltou apoio emocional para que Ramona continuasse sua vida acadêmica. A depressão assolou sua vida. Largou os estudos e passou quatro meses sem sair da cama. Sem motivação, o tempo evaporava enquanto Ramona devorava tanto comidas diversas quanto conteúdos da Netflix. O fim da prostração se deu devido a uma traição no relacionamento que ainda mantinha. Algo tinha que mudar. Ela se reergueu e passou a frequentar a academia, com o intuito de retomar a forma física anterior.
Quando quis retornar à faculdade, foi impedida pela mãe. A matriarca tinha seus próprios objetivos para a filha. Deixou claro para Ramona que sua única chance havia se esvaído e, dessa vez, teria que seguir passos na advocacia para um futuro certo nos negócios da família. Sem opção, já que contava com o apoio financeiro dos pais, Ramona acatou a decisão da mãe. Ela foi criada para obedecer, ser uma filha exemplar. Seguiu a hereditariedade profissional imposta.
Seu irmão já se aventurou em Londres, trabalhando por lá. Ela vislumbra ter mesma a oportunidade. Em outro país, poderia revelar todo o seu âmago, sem influência dos familiares que confinam seu modo de agir. Se engajasse em uma nova vida em outro lugar, manteria contato, por amor, com sua avó. A anciã é descrita como uma pessoa sensata, reservada, que sabe encaixar as palavras certas na hora certa. Com grande afinidade, há uma intimidade entre as duas que falta com os outros parentes. Na fase mais difícil da sua existência, a avó dizia que a vida não acaba, há de continuar. A jovem mesmo pensa que tudo tem um porquê de existir; são lições que a vida traz.
Já encontrou entusiasmo no trabalho em uma organização não governamental, em que ela formava e capacitava voluntários para construir casas pré-fabricadas para aqueles que não têm um lar. Essa atividade seria mais gratificante, apesar de não ser bem remunerada. Algo encanta a jovem em prover uma vida melhor para uma classe social menos favorecida.
Um dos sonhos de Ramona é visitar Moçambique. O país africano apresenta um mundo à parte, com uma cultura totalmente diferente de sua realidade. Conhecer essa nação banhada pelo Oceano Índico traria brilho ao seu olhar. Ramona nunca foi discriminatória, sempre aberta a pessoas de todos os tipos de status. A diversidade para ela é valorizada, traz a riqueza do que significa ser humano. Esse também é um traço de sua avó que a inspira.
Nos encontros com o sobrinho, é só diversão. Ramona traz em seu interior o contentamento em oferecer memórias gostosas do tempo que eles passam juntos. Além do contato com familiares, há em uma amiga próxima a confiança. A energia dela é apreciada por Ramona que confidencia suas histórias, sonhos e desejos, recebendo palavras de incentivo. Recentemente, também encontrou conforto nos braços de uma mulher. Em termos de relacionamento, ela acredita que o lado feminino pode proporcionar mais empatia em laços amorosos. O melhor está por vir. A essência de Ramona continua crescendo dentro desta mulher em formação, com sonhos de liberdade que fluem em um percurso de afloramento.